top of page

SENTE COM A MÃO

Eu só quero saber quão dentro de ti estou neste momento.

Não! não me digas... apenas percebe. Apenas sente; e sente com a mão.

Sim, põe a mão sobre o teu ventre. Cerra os olhos... Se tens coragem.

Não: não põe a mão com a mão, nem cerra os olhos, senão em hipótese.

Apenas sente, amor...

Sente como se o fizesse ou se o evitasse (que é fazer duas vezes: desfazendo o já feito). Apenas sente.

Imagina, sem chegar a imaginar com imagens, que te abraço, de repente, e beijo de leve a tua nuca. Pouso sobre ela o sobrecenho: uma pálpebra, e outra; ai, uma, e outra. E outra. Colo a face morna contra a tua.

Abraço-te apertado. Aquieto-me.

Diz, sem dizer sequer a ti mesma, a que ponto te invado a pele, a carne, o corpo, o sonho.

E se eu pudera fazê-lo sem que o permitisses.

Diz, sem deitá-lo em palavras.

Não te perguntes quantos estiveram mais adentro do teu imo..., das tuas entra-

nhas e com tão pouco esforço.

Por que isso acontece? — não, não te perguntes.

Eu quero pôr na boca de saliva fervente o dedo mais candente e abençoado dessa tua mão.

Quão longe esse dedinho é capaz de tocar — não me digas! e nem a ti mesma o confesses.

Deixa calmo, no silêncio, o que nasceu para ser porvir ou, senão: cristal: feito de limbo, futuros preté-

ritos gritos de luz. Mudas refrações.

Igor Buys 05 de junho de 2016 / 25 de maio de 2017

bottom of page