ATLÂNTIDA
Eu amanheço noite.
Caminho por ruas iluminadas, afogadas,
incendiadas de tantas cores líquidas:
-- uma Atlântida magnífica! de chamas
vitrificadas que se não apagarão mas
ardem insertas no cristal apaixonado:
verde azul laranja violeta magenta!
e ao fundo a saracura plange úmida
e rangem o carreteiro e o seu mister
por entre coqueiros e arranha-céus,
azul e verde, verde-azul, verde-azul.
Eu anoiteço dia.
Areias ocra ao pé dum mar champanhe
sei pisar, frias; e a luz do dia, sem ardor,
me toca a pele de ventos longínquos...,
ébrios dessa aurora que te emoldura
e continua na cachoeira, caminho da
Praia Preta, para anunciar que há luz
e boas novas, há porvir e esperança!
Não tarda, o signo das alianças rasga
chagas por toda parte e a cachoeira
ruge e a passarada explode vida! e breu.
Igor Buys
11 de abril de 2019
Hong Kong à noite