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UMA NOVA DIVISÃO DO EU: O EU-PRESENTE E O EU-CONECTADO, FUTURO OU VIRTUAL

Ainda me surpreende que as pessoas consigam ser bastante ativas, nas suas vidas sociais, inclusive, profissionais, e, mesmo assim, aparentarem estar sempre conectadas à Rede.

É claro que se conectam através de celulares, de qualquer lugar. Mas isso para mim ainda soa como um U.F.O.: eu estou sempre, em qualquer lugar, com o meu Caterpillar -- aliás, até no banho, quando costumo lavá-lo... --; mas, praticamente, nunca entro em redes sociais, senão do meu escritório, em casa.

Preciso para isso estar sentado, no ambiente climatizado -- no Rio, tem feito entre 40 oC e 47.7 oC, há uns dez dias consecutivos -- e debruçado sobre a minha grande mesa de tampo de vidro escuro quase espelhado, simples e sóbria, onde existem dois daqueles velhos "microcomputadores" de torre.

Sucede que sou um pouco assim: se estou conectado, navegando, estou navegando, e não existe mais nada no universo... A não ser, eventualmente, o meu chocolate cetogênico: minha versão do café cetogênico, sobre que volto a falar, oportunamente. Se estou numa praia, estou numa praia, de corpo e alma, e nunca me ocorreu iniciar uma conexão para saber o que está se passando alhures, de real, de imaginário ou de "fake". Se estou me exercitando, estudando, comendo num restaurante, orando ou fazendo sexo, me encontro sempre inteiramente presente ao que faço. Não sei me dividir em dois para estar mergulhado nas redes sociais e, ao mesmo tempo, vivendo a vida com o mínimo de integralidade e densidade. Mas acho essa capacidade interessante, pós-moderna -- não a estou reprovando! por favor…

Faz tempo, desde os vinte e poucos anos, trabalho com o que chamo de -- Anatomia do Eu. E demonstro que o eu é, sobretudo: individual e coletivo: sua divisão mais importante. A terceira ponta dessa tríade é o Eu-profundo, absoluto ou pré-temporal, o qual é tão inelutável como os dois primeiros (o individual e o coletivo).

Entanto a pós-modernidade traz à baila uma possível nova divisão do eu, -- do eu psicológico, ao menos: o eu-presente e o eu-virtual, ou possível, ou, ainda, futuro. Virtual é aquilo que tem a possibilidade de vir a ser, mas, concretamente, ainda não é. Assim, esse eu-conectado, que foi muito apropriadamente relacionado à idéia de virtualidade, se afigura um tanto... fluido, um tanto interessante, deveras.

Igor Buys

15 de janeiro de 2017

Foto doméstica à "guns and roses": poesia, amor e, mesmo fora de contexto: armas.

Uma proposta estética caótica dos anos 1990, que tem início com o Nirvana.

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