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Protógonos

SOBRE A MONTAGEM  BREVES CONSIDERAÇÕES

Protógonos é um epíteto do deus grego Eros, personificação do amor. Ou, mais especificamente, do amor criativo: que fecunda, que é elemento de ligação e multiplicação das coisas. O epíteto Protógonos quer dizer — o primeiro nascido. E respeita à versão dos mitos cosmogônicos, segundo a qual o amor teria sido o primeiro a se desprender do Caos.

O poema Protógonos é um texto de juventude, que se perdeu junto com um daqueles antigos disquetes flexíveis, muito corruptíveis, para ser reescrito, de memória, em 2006.

Narra uma espécie de viagem onírica e heróica do eu à procura de autoconhecimento e individuação. Trata-se de uma obra aberta.

Protógonos é um personagem sem gênero definido. Destarte, tanto pode ser vivido por uma atriz como por um ator. Eu, não obstante, preferiria ver uma atriz a encarná-lo.

O texto, de estrutura monológica, é, em princípio, muito longo para ser decorado por um só ator. Entanto, com o auxílio da tecnologia contemporânea, i.e., com dispositivos nos ouvidos a fazerem as vezes do funcionário que, tradicionalmente, soprava as deixas de dentro do fosso, na minha concepção pessoal da montagem, um só ator, inclusive, para demonstrar virtuosismo, daria conta de todas as falas.

Um coadjuvante mudo auxiliaria o ator principal em algumas cenas, como a da tauromaquia. Imagino a ambos utilizando apenas algum tipo de malha cor de pele sobre os corpos, toucas na mesma cor, escondendo os ouvidos, e uma maquiagem forte, que destaque a expressão fisionômica. O touro estaria munido de um par de chifres montados num adereço de mão e luzes à Deborah Colker envolveriam toda a cena, que tanto mais me contemplaria, quanto mais se aproximasse plasticamente de um balé, com os atores a abusarem da expressão corporal em gestos largos, exacerbadamente trágicos, caudalosos, quase ou praticamente uma dança.

A tauromaquia, como descrita no texto, remete, na sua primeira etapa, ponha-se reparo, àquela forma de malabarismo vista nos murais de Cnossos, na ilha de Creta, com os artistas a segurarem os touros pelos chifres e saltarem por sobre estes.

Reprodução: mural de Cnossos a retratar o que pode ter sido a tauromaquia em Creta

Uma prévia do texto

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