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FOGO E ÁGUA (2a. Versão)

Eu o bebi da concha das mãos

unidas; lavei ali as minhas faces,

pescoço, as minhas pálpebras.


Isto que me queimou e inundou inteiro

lavou-me o peito; isto que me redimiu,

que purificou meu coração, minh’alma.


Feito de fogo e água, de seda, mel,

ruivas labaredas, isto agora me desce

das faces junto ao mais doce pranto;

ai, isto! isto que é Sangue, aurora.


Isto mesmo que mana do céu acima

no Parto do dia e das esperanças;

isto que jorra de sobre teus ombros,

tão alvos, ou senão dourados, isto

que é Vida, proximidade e distância,

isto que é a essência das alianças.


(Retiro um fio disto do canto da tua

boca… E me provas que também

o tinha eu no canto na minha boca).


Isto está em mim onde eu vá,

no que quer que ponha as minhas

mãos de âmbar, o meu olhar brasino.

Isto…, que me veste de luz e ouro.

Não vou cabê-lo em palavra;

não, não o direi em vão,

senão como -- isto:

isto apenas. Que é de ti,

que está em mim, em nós.



Igor Buys

29-03-2019 a 30-11-2020

 
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