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PROFISSÃO

Escrevo versos porque sou poeta, não sou poeta porque escrevo versos. Não escrevo certo de ser lido, lembrado ou esquecido; meu verso não quer dizer algo que trago ao peito calado: o poema é minha casa, conforto. E também é o que faço a penas. Ser poeta é a minha incontinência, às vezes; é o que devo às reticências com que fito meu rosto nos espelhos. É o que devo ao meu não ter um deus paterno, amigo, e às flores que se me entrefecham, e à chuva que gela de luz branca as folhas mais que verdes, os galhos menos que corpóreos no jardim de cheiros como lendas térreas, gostos ocra. Ser poeta é o meu silêncio, mais que a minha palavra. Aqui estou descalço, sereno. Aqui não há pressa nem rito. Não há ritmo a seguir, nem tendência. O que abro é minha porta, o que fecho: transparência. Igor Buys 03 de março de 2011

Foto de 2015

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