FEBRE
Beber cada gota febril do teu suor,
cada pérola dos teus perfumes
e cremes derretidas enquanto
retesas os músculos, e te bates,
te bates nesse malho unilateral,
solitário e tão ausente de mim.
Beber até o sonho das minhas mãos
a deslizarem sobre a tua pele, a minha
boca ébria do teu pescoço de manteiga.
Com manteiga de leite colhida ao pote
trêmulo e os dedos apaixonados untar
cada uma das linhas do teu abdômen,
teu corpo quente, quase incandescente.
Misturar minha saliva na tua saliva
e depois no mel da tua feminilidade.
E com o néctar da minha masculinidade
desenhar letras, corações por todo o teu corpo,
borrar de cristal cada gominho dos teus lábios.
Igor Buys
21 de janeiro de 2020