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SAUDAÇÃO A IEMANJÁ (OU À DEUSA DOS PÉS DE PRATA)

Hoje é dia de Yeyé Omo Ejá, a mãe cujos filhos são peixes, cujos véus de azul e argento se derramam sobre o meu País do Sul ao Norte. Dia dois de fevereiro quero ser o segundo, depois de Caymmi, ― a saudar Iemanjá. Pra mim que me dou a todas e a nenhuma fé me dou, Ela é a Nereida dos pés de prata* cujas pegadas platinadas abalroam a superfície das vagas; Ela é a filha da alma do mar, entre os orubá: Olocum; entre os gregos: Tétis**, a Nutriz: Teta materna que alimenta a seiva dos troncos, o sangue dos homens, dos semoventes. Entanto se o mar grego é de governo másculo, o brasileiro saber ser fêmeo; lá Posidão comanda do maremoto ao terremoto, e segundo Homero: Ele é o sacudidor da terra; aqui a Rainha do mar é quem patrocina tudo que em turbilhão se agita, a mutação e o novo! pois se toda vida vem das águas, -- a Revolução donde virá?! Viva o princípio feminino do úmido! Viva Nossa Senhora dos Navegantes! As flores que possuo, lanço-as a Ti deste porto... Protegei a minha nau! guardai os meus irmãos! ____________ *A Nereida dos pés de prata é Tétis, esposa de Peleu, mãe de Aquiles. **Aqui fala-se de Tétis, a titânia.

Igor Buys 02 de fevereiro de 2011

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Anntonia Porsild

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