LUCINDA (2a. versão)
Porque ele te livrará do laço do passarinheiro,
e da peste perniciosa. Salmos, 9:13
Lucinda, o dia nasceu luminoso, Lucinda.
A flor se abriu intumescida de mais viço e força
e a gota sobre sua pé-
tala se desprendeu no ar ébria de todas as cores.
O mar se encheu de mais azul, Lucinda.
Desse mesmo azul que tem uma foz no teu olhar.
E o idoso e a criança foram jogar passarinhos
ao milho granulado, dourado. Fiat Lux! Lucinda.
A luz que está no teu nome, no teu intenso olhar,
no teu gesto; a luz que te resume e faz presente
ecoa em cada coisa. E sorri, rodopia com o vento.
Dança com as palmeiras, aquece a madeira salgada
do cais com os seus pés. O teu bailado para a vida.
E essas tuas longas melenas, Lucinda, se embrenham
nos galhos, nas vozes, nos objetos confinados da casa
de janelas francas para receber sua chama, sua cura.
Ela sabe livrar do laço do passarinheiro, do fungo e da peste.
Igor Buys
Ilha Grande, 23 de março/02 de maio de 2020