ESCOMBROS
Um mel
Um mel negro
ébrio de dourados
petróleo incendiado
jorrando, manando
escorrendo
por entre estilhas, por entre arestas
farpas e facas
do vento.
O vento.
Amanteigado e meigo
a desfazer-se,
ali se vê tragado,
engolido, resumido
desnudado:
desvendado.
O vento.
E ali a tarde imerge inteira:
escombros azulados, platinados,
rubros, roxos
refrações de um mundo esquecido
destruído
-- Atlântida de fantasmas! --
ali se afogam… E sublimam.
Um mel
Um mel negro
matriz da noite ensanguentada,
do fim do dia
a se derreter, a se der-
-ramar e diluir... sobre teus ombros.
Calmos.
Um fio
Um fio finda preso entre teus lábios
e… o recolho,
afasto
do canto da tua boca.
Do teu sorriso.
O teu sorriso.
Alheio a tudo.
Igor Buys
poesia do Jovem Igor Buys
anos oitenta / 07 de maio de 2017