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INIMPUTÁVEL

E se as minhas mãos, subitamente,

pesassem sobre a tua cintura.

E, se ao te voltares, surpreendida,

os teus olhos encontrassem a minha

boca mudamente a pedir pela tua...

E se o teu olhar se afogasse no meu;

e se houvesse um silêncio maior,

bem maior que os relógios e buzinas.

Se, por fim, ao cabo de palavras

catadas pelo chão, a minha mão

estivesse sobre a tua nuca, terna,

e o meu abraço te envolvesse, forte,

impressentido, e de algum modo

tão amigo, te roubasse dos saltos

e do senso: te roubasse apenas:

menina, mulher, inimputável.

Igor Buys

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