DOUTORA
Reconforta-me a dor deste amar-te sem posse muito mais que o temor de que fosse precoce o momento do adeus a tuas mãos, hoje aéreas, e, amanhã, — sabe Deus —, feitas só de misérias. Eu prefiro este pranto que é da ausência a posse
e, ao final, volve a — canto a lograr que me roces
a tua palma de fogo, impostora da etérea,
e, ao depois, quando em fuga, a ambas mal recupere-as.
Tanto anseio afogar no calor de teus seios
meu semblante amornado de lágrimas nuas
e febril me lançar, com a entrega de um veio,
sobre o leito adorado das arestas tuas...
Porém, sou servidor, és juíza: que enleio;
e me traga, sem meta, o dédalo das ruas.
Igor Buys
Rio de Janeiro, 1999