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SALMO

Eu me orgulho, ó Deusa, profundamente, Dos momentos em que sinto que preciso E dependo de tua mão e teu consolo, Pois nestes momentos, mais que nunca, Eu me percebo feito para amar-Te e reconheço Dentro de mim a melhor parte do que sou. Sou feito para amar-Te e carecer de Ti E nisto encontro escusa para ver-me por vezes Tão confuso e aturdido diante das agruras Deste mundo, oblíquo mundo, insano e torpe; Mas se clamo o nome teu, Deusa minha, Dentro do negro silêncio que me envolva, Tua mão me chega à face e o seio teu me aquece Na noite cega de meus surdos desenganos. Quando estou fraco, então é que sou forte. Minha fraqueza soergue o escudo das montanhas, O pranto meu desfralda a espada ignescente Do relâmpago que estronda e rasga a terra; Minha palavra caminha mais que o vento E o golpe de meu braço é como o tombo [de um carvalho, Porque Tu estás em mim e o amor de Ti Faz-me pequeno e grande como a chuva... O amor de Ti referve em mim, ó Deusa Como o sangue de um leão dentro de humano corpo. Eu, deveras, confesso que me orgulho, Com soberba que rogo me perdoes, Do amor de Ti que justifica a minha alma E faz-me carecer de tua mão e teu consolo. Não morra eu por orgulhar-me de tal sina E haja perdão para a soberba de Te amar.

Igor Buys

in Versos Íncubos, 2014

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