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Ó, AMADA, SÊ PUTA PARA MIM!

Ó amada, sê puta para mim, sê puta! Não sê anjo, nem fada. Nem familiar! Não me sepulta o Instinto nem o Erro: São estes, combinados, o dom da Criação, Da novidade! Sê tolerante, conivente. Dá-te como esperasse, sim: a paga, A prata vil somente; como se o tempo- -bolha, aceso por nós dois, dentro do outro (tempo) fosse inteiramente meu: uma ilha De mim-sendo-o-que-sinto, ao invés de pensar Coas mentes de todos os poetas, de todos os Criadores. Dá-te inteiramente: sem pudores, sem limites. Diz-me, ao depois, o que de mim pretendes; De ti, o que desejo, adianto: que me sê puta, Que se me dê desabrochada, entregue, Pasma e trágica qual’ma virgem violentada, Resignada qual’ma mãe em contrações de parto, Olhos envidraçados na contemplação do porvir. Ó, amada, amada minha, que curvas as tuas! A curva do pé, a batata da perna; a curva do lábio, A da cintura; que sinuosa e reentrante arquitetura! Ó amada, amada minha, que carnes as tuas: meus Dentes quisera cravados, todos, na sua tenrura! Ó amada, gostosa, tesuda minha, sê-me assim, Como te peço, e a mim me terás como disseres. Amada minha, minha puta e minha santa, Me sê hetera e me cede à tara, à sede e à cara! Não me sê familiar, coisa do lar, feita de gesso; Sê como a lua rolando ébria pelas sarjetas, Sê coisa da noite, da rua de prata e chamas Brancas, véus imundos em meio ao mundo: Ou seja: incorruptíveis, deveras! Sê vera; Não sê correta, nem severa! apenas nua, Apenas lua... Puta, apenas. Igor Buys (heterônimo Gregório Ivo) 11 de agosto de 2014

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