PAS DE DEUX
Eu amei uma princesa.
Ela cavalgava de lado, suave amazona.
Não desperdiçava sinais ou palavras.
Apenas deixava o lencinho cair, quase invisível.
Seus dedos tocaram o rosto de
Chopin e não havia lágrimas a colher,
senão para intérpretes menores.
Eu amei uma princesa.
No Pas de Deux do Cisne, imiscuí-me,
qual Zeus, disfarçado de Ave Alva
com o poder do meu verso, transverso.
Surgiram do lago de platina incandescente
dois Ovos -- de cada qual nasceriam dois gêmeos:
a Beleza, sua símile a Poesia;
e mais dois irmãos: o Segredo e o Silêncio.
Eu amei uma princesa.
Tive uma vida de vales e cumes,
de dourados e sombras.
Mas eu amei uma princesa.
E disso nada me rouba.
Igor Buys
Ilha Grande, 18/06/19