AMOR JARDINEIRO
Ninguém bota fé no nosso amor
pequenino, nosso amor de pisar
grama, de cavalgar joaninhas
perdidos no jardim imenso, imenso;
nosso amor de mãos dados,
segredado ao pé do ouvido.
Nosso amor proibido, nosso.
Impenetrável, inatacável.
Perdido no jardim gigantesco,
o nosso amor sem fim,
quiçá sem começo.
Ninguém sabe que o infinito
habita o pequenino sem bordas.
Ninguém bota fé no nosso amor
jardineiro. Só a lagarta de três
cores, -- enorme, desmedida.
Eu não gosto dela elás-
tica assim. Mas tu não ligas.
O sanhaço azul violinista.
A BORBOLETA ABÓBORA E PRETA.
E soberana neste reino há a Xiva,
a Xiva de Xanto,
cravejada diamantes,
a Xiva
esquiva,
veloz evasiva
invisível...
X
XXXXX
XXXXXXXX --
XXXXXX
XXXXXXXXXXX --
XXXXXXIVA
XXX --
XX
-- Ah ei-la de novo:
a Xiva de Xanto --
e sua (“presa”) --
Do átomo limite
ao Átomo ilimitado,
o ínfimo cabe o Infando,
o pequenino sabe
o que é sem termo.
É: ninguém bota fé no nosso amor
jardineiro, só nós dois. E está bom.
Igor Buys
Ilha Grande, 10 de junho de 19