LUAU
Luau só de nós dois.
Areia esverdeada sob a lua que sorri por trás dum leque.
Tochas altas, feitas de fogo,
feitas de mar e cristal a se expandirem em cones.
Esse teu sorriso que inibe o crescente.
Esses teus olhos de águas calmas, transparentes.
Flores à volta da tua testa.
O teu lindo vestido de noiva, furtado à tua própria coleção.
O meu terno outrora sério; lenço de seda, pés descalços
sobrepostos, envolvidos no teus pés, nas tuas pernas.
Testa com testa, sussurros, risos. Confissões genuinamente
noivas e eternas. Lanterna azul, lanterna violeta.
Comida japonesa no isopor. Mãos sobrepostas.
O espinho da rosa; polegares comprimindo-se.
Beijos apaixonados. Olhares infinitos.
A dança que estilhaça o manto d’água quase sem vagas,
erguendo gotas azuis e violáceas, gotas de fogo e de mar.
Tombo involuntário, ou quase, sobre a piscina natural.
Rochas escuras, cúmplices, adornadas de triângulos champanhe.
O amor provando que não sabe os limites do tempo, do espaço
e nada, e voa, exorbita as leis da física e abarca a eternidade
entre braços, entre coxas, cabelos, algas; dedos firmemente
entrelaçados em meio a cometas, madrepérolas, anjos e sereias.
Igor Buys
Ilha Grande, 07 de março de 2019
Kristiana Pelse
