EU QUERO A TUA BOCA
Eu quero a tua boca, como eu quero a tua boca. Não como um menino que os mimos cinzelaram torto e quer porque quer; não como um adolescente
diante do novo e do impulso,
querendo só por hoje;
não como o apedeuta,
incapaz de conhecer a beleza,
mas tão-só de consumi-la.
Não. Eu quero a tua boca,
— e como eu a quero —,
porque ter a tua boca, amor,
é tudo em que acho sentido;
e, sem a tua boca na boca
que é minha, eu não teria
boca alguma de todo minha.
Não seria eu de todo meu
e vagaria...,
vagaria, simplesmente.
Iluminado, nunca luminoso.
Vestido de possíveis glamoures
como a pedra no peito da noite
que apenas nos parece argêntea.
Ai, eu quero a tua boca:
Deus, como quero a tua boca.
Igor Buys
In "Versos Íncubos"; 2014
Cinthia Moura
