O NARUTO DE PLÁSTICO
O Naruto de Plástico
não tem sexo definido,
não tem idade definida.
De frente, de costas,
de lado é sempre o mesmo.
Lembra um tanto o Miguel Jackson
dos primeiros dias da decadência,
conquanto muito menos estético
e menos atlético, sem dúvida.
Tem-se a perturbadora impr-
essão de que o toque do dedo
seria capaz de trespassá-lo,
rasgar sua carcaça morta de cima
a baixo, liberando mucos, anátemas.
O Naruto retilíneo, deforme,
esconde aleijões grotescos
atrás de estruturas de couro,
ângulos esdrúxulos, distân-
cia e filtros: muita gosmética!
O Naruto macabro se criou
incentivando a prostituição
de menores e, de quebra,
incesto, assassinato, drogas,
endeusamento de bandidos frios.
O Naruto da Morte é o apanágio da feiúra.
Ora, se o Naruto de Plástico é um Portal do Inferno,
quem o terá franqueado?
Não fora Deus, decerto; tão-pouco a sorte.
Igor Buys
Ilha Grande, 1o. de março de 2019
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