ESFINGE
A luz pintava-lhe uma face de ouro, a treva esbatia a outra em segredos. Olhos azuis refletindo outras cores. Lua amarela por sobre árvores negras. Palavras, emoções e sorrisos nossos volviam a vapor... Noite fria. Fogueira boa. Mãos que se esfregam. Vento a desalinhar os cabelos, a excitar na relva um cheiro de verde. Dedos se enlaçando. Olhares sem significações simples. Destino... Desatino de não ter nada mais a fazer se não devorar o amor, por ele devorado ser e arder, gaguejar e gemer. Seio de ouro, ventre de negro e dragão cabelos de vermeil jorrando: Esfinge de unhas, enigmas. Lança minha cravada na carne mulher leoa menina. Ai, amor, vapor... Silêncio. Nem os grilos ousam. Igor Buys In Versos Íncubos, 2014
Reprodução: Atena e o Centauro, de Botticelli (detalhe)
