DIÓSCURAS
Imagine uma pessoa
com quatro olhos,
quatro ouvidos;
com quatro braços e pernas,
dois corações.
Quão perceptiva, quão forte
não seria?
Um humano à segunda potência.
E se tivesse, ainda, duas mentes
gêmeas, articuladas
com que repensar as idéias,
dialogar as decisões?
E se de hecatônquira, gorgônea
essa multiplicidade una,
para ser plena, tivesse agora,
não um, senão dois corpos
jovens e belos em que se distribuir
harmônica.
Ora, que sexo poderia ter senão
o fêmeo: o forte! e a que poderia
se dar senão à música! e às cordas
mesmas que tangia Apolo,
o criador da Lira, da harpa,
irmão gêmeo de Ártemis,
a caçadora.
Camille e Kennerly são assim:
exatamente assim: Dióscuras,
exatas, medidas: insuplantáveis;
e leves, suaves, incandescentes:
claramente movendo-se
acima do chão,
do drama agônico dos seres.
Igor Buys
09/10/2012 - 15/02/2017
Camille e Kennerly - leia a minha entrevista com elas para o Projeto Minhas Musas
