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KARNAL E OS "EXUS" QUE TÊM IDÉIAS E CRIAM...

Já consignei admiração pelo professor Leandro Karnal, -- enquanto comentador, professor, i.e., no âmbito daquilo que ele é, reconhece ser e gosta de ser --, e esta postagem não reduz ou modifica, em nenhuma medida, a minha satisfação em se ter, finalmente, um intelectual (ou filósofo) e homem de mídia para chamar de nosso, de brasileiro, que, em somatório, tem uma postura tão nitidamente antiliberal, ou antiburguesa. Um homem de gostos refinados, que sabe usar um termo, e, no conjunto, se apresenta de uma forma subliminarmente muito subversiva em relação ao império da mediocridade e à ideologia da involução humana.

Li muito pouco, até este momento, do que o professor Karnal escreve. Assisti alguns vídeos seus, sigo sua página numa rede social e costumo me deter sobre tudo aquilo que ele publica e o próprio sítio posta para mim, na minha linha do tempo, comodamente. Afinal, se estou navegando numa rede social é provável que esteja trabalhando ou estudando numa outra janela e esse é um daqueles momentos de respiração da verve literária, em que derramo um chocolate cetogênico numa das minhas canecas de fé, ponho os pés sobre a mesa e afundo um pouco mais na cadeira. Ressalvo que tenho acumulado um número amplo de escritos, livros, teatro, etc., os quais vão esperar junto comigo o melhor momento para serem publicados.

De volta ao que Karnal partilha em rede social, são, em geral, textos bem curtos, algo didáticos; breves comentários sobre obras de arte, música erudita, bons livros e autores.

Ora, o liberal é aquele indivíduo que está sempre com pressa, está sempre "indo ali" -- ou, se estiver absolutamente ocioso, afeta isso, porque é ideologicamente correto para ele. O liberal, -- o burguês de espírito, já que não possui meios de produção, mas gostaria de se parecer com quem possui --, está sempre "na correria", indo fazer um negócio, i.e., auferir vantagem ou lucro sobre alguém. Ou, senão, está se preparando para o dia em que, finalmente, poderá acumular mais-valia. Por isso, está sempre trajando calças de brim na cor índigo, ou está de camiseta, bermuda e chinelas; usa uma linguagem ligeira, rasteira, cheia de abreviaturas e anglicismos; escreve da mesma maneira barata como fala; ouve esses jingles que tocam nas rádios e que se ousa designar de música; assiste o cinema estupefante de roilúdi e isso é toda a arte que -- consome.

Gostos clássicos, interesses por coisas que não sejam simples e descartáveis, que não "passem" na televisão, não sejam servidas nas bandejas do "fast food" ou não se traduzam fácil em emoticonês já é perigosamente subversivo.

Destarte, a chegada de Karnal a esse âmbito, ocupado por um triste e exíguo grupo de trogloditas de zoológico -- murchos, semimortos, sem o tônus e o porvir dos veros hominídeos -- é, incontinente, profundamente grata e benfazeja para o País. O que mais se some a isso é bônus. Sua postura ao adentrar a cena da pseudo-intelectualidade que se nos impõe, pasteurizada o bastante para "passar" na Grobo, simplória o bastante para ser resumida em HQ, é avassaladora: uma bala de canhão contra o status quo.

Isso, por outro lado, não significa que se precise gritar amém e aleluia para tudo o que ele diz; concordar plenamente, deveras, nunca é a melhor postura intelectual diante de nada, nem de ninguém: o pensamento desabrocha na discordância, na divergência, parcial ou total, nunca na assunção de algo como a verdade que "lacra" (internetês), que "diz tudo" e elimina, de plano, a possibilidade do raciocínio e da criação. "Copiar e colar" para dentro da cabeça não é pensar, nem entender, nem saber, obviamente.

No texto abaixo, vide cópias de tela que se seguem, o professor faz uma breve, porém bela profissão de fé em relação ao magistério. E, concomitantemente, de forma muita sincera, ataca, em nome da Academia, -- a idéia, a criação. Atitude que representa perfeitamente o caráter e a missão dos acadêmicos: proteger, como o "Abade", de Umberto Eco, em "O Nome da Rosa", as idéias, os sistemas e as verdades cristalizados, incorporados ao status quo e, portanto, sem qualquer potencial para ameaçar as suas bases.

Igor Buys 12 de fevereiro de 2017

Cópias de tela de postagem de Karnal e de brevíssimo comentário nosso

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