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DONJUANISMO

Maldade maior não se conhece que o impulso de acender amor ternura, esperança e até mesmo piedade num coração de pedra. Para depois de ver estalar e estremecer tal flor contra a brisa, intumescida de tão tocantes viços — jamais considerar colhê-la. Acender o amor em termos tais é acender o ódio, seu gêmeo e gênio que o manterá pulsante. Não há morte mais lenta ou agonia mais crua que a das esperanças. Basta uma resta de sol, uma gota de não-chuva uma hipótese um se. E em sorrisos se entreabrirá a dor com suas pétalas pálidas por mais trinta auroras, e anos e morros uivantes... E o arremate final desse horror é descobrir o coração amante — tarde e mui tardiamente — que, em verdade, nada move os donjuanistas (salvo exceções que já direi nobres...) para além da mais pura e espontânea, da mais — Criança e mais livre de todas as meras. Vaidades. Igor Buys (Rodrigo Penna Arruda) 27 de agosto de 2014

Foto de 2015

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