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LEÃO ESTRANGULADO

(Transborda desde o osso a alma de meu braço, E esculpe-se no ar, baço, um gesto inacabado: Da dor as mãos sem cor procuram no esfolado A ausência de tua pele, o esquartejado abraço. Não pode mais deter-te o imenso e meigo laço, Feito... como de pele e já tão tencionado Que se rasga entre os passos do vulto imantado. Rompe-se no ar, lasso, o gesto que não faço. Da mágoa a áqua mão não tem poder de pulso, E, sem poder de unha, a dor de um gesto avulso, Na vitrina do adeus, se espalma no mormaço. Palavra: pomba morta entre dentes de aço...). Não podes mais bramar, leão estrangulado, E se me lavam'as mãos do sangue do teu brado. Igor Buys, poesia de juventude. Do livro Manelo de Áscuas, 1999

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